sábado, 12 de junho de 2010

Primavera


Ele sorriu e perguntou:
- Quer que eu dê algum recado a Deus?
Eu o olhei e com lágrimas nos olhos lhe disse:
- Sim.Diga a Ele que Ele é injusto!
Sorrindo ainda mais, do mesmo jeito que me sorriu tantas vezes naquelas tardes de nossa única primavera, ele completou:
-Não.Ele não é injusto.Ele me permitiu vir morrer ao seu lado!
E foi então que Alberto se despediu de mim com uma frase que ainda hoje não aprendi a esquecer.
Olhou me com profundidade e disse:
- Uma vida inteira sem flores não é nada diante de uma única primavera florida! Depois, foi perdendo o sorriso, apertou minha mão, suspirou e morreu.

(Mulheres de Aço e de Flores, Padre Fábio de Melo)